Fast But Not Food

A Pixar continua a superar-se a si própria.

Nunca tive dúvidas que Toy Story 3 seria um grande filme. Mas perguntei-me a mim próprio “Será que é o melhor filme da Pixar? Ou ficará aquém de algumas das obras anteriores do estúdio?” Bem, a resposta é fácil: Toy Story 3 é o melhor filme da Pixar e também o melhor filme de 2010 até à data. É incrível como um filme com brinquedos consegue ser tão adulto e atingir o público mais velho de uma forma tão arrebatadora. Preparem-se para chorar, preparem-se para sorrir, preparem-se para uma das melhores experiências que o cinema nos pode oferecer.

Tenho que começar por dizer o quão difícil é escrever sobre o Toy Story 3. Vi o filme na segunda feira, dia 12, e ainda estou num processo de “ressaca” emocional. O que vivi naquela sala de cinema foi a minha experiência cinematográfica mais emocionante. Decerto que o facto de ter crescido com Toy Story e Toy Story 2 aumentou o meu prazer ao ver o encerrar desta trilogia (Toy Story Trilogy soa mesmo bem). Mas vou-me agora concentrar e tentar “ler” o filme por etapas.

É difícil ter uma sequela melhor que o original, mas mais difícil ainda, é ter uma segunda sequela melhor que os anteriores. Mas a Pixar conseguiu, e para quem achava que um terceiro Toy Story era desnecessário, eu digo: Toy Story 3 é obrigatório! 10 anos após o segundo capítulo, deparamo-nos com um Andy prestes a ir para a faculdade, e um gang de brinquedos reduzido que desespera por brincar e receia o seu futuro incerto. Até o fiel Woody tem dúvidas acerca do que o adolescente Andy planeia fazer com os seus últimos brinquedos, e após várias peripécias muito bem mensuradas, vemos o grupo de brinquedos numa creche, onde viverão uma vida feliz… ou não! Nem tudo é como eles pensavam, e após a excitação inicial todos eles desejam regressar para o seu “velho” dono.

 

O filme parece que foi confeccionado com uma receita perfeita de comédia, acção, romance e drama, tudo isto na dose certa. São imensas as novas personagens que se juntam aos brinquedos que todos nós já conhecíamos, embora o destaque vá claramente para Lotso, o frustrado e autoritário ursinho que cheira a morangos e Ken, o adorável brinquedo de meninas que se esforça por demonstrar a sua masculinidade. Buzz chega a ser “definido” para um modo espanhol, proporcionando-nos momentos divertidíssimos e cheios de romance com a cowgirl Jessie, enquanto que os restantes brinquedos oferecem-nos personagens cheios de alma e muito acima da média para “desenhos animados”. Woody, este continua corajoso, nunca deixando um amigo para trás, aconteça o que acontecer. Este é o grande herói de toda a trilogia. É nele que assenta o filme, é nele que assenta toda a dedicação e amizade que nos faz chorar de emoção quando até nos esquecemos que estamos a sofrer e a torcer não por pessoas, mas por brinquedos. É incrível como conseguem pregar-nos ao assento, levarem-nos ao extremo das nossas emoções e sentimentos, tudo isto, através de animação por computador, através de bonecos de plástico, através do que mais importante um filme tem: a sua história e personagens.

Não adianta continuar a elogiar a soberba qualidade técnica do filme, nem a óptima banda-sonora de Randy Newman, vejam com os seus próprios olhos e sintam com o vosso próprio coração. Não tenho a quem recomendar este filme, pois TODOS vão gostar de Toy Story 3. As crianças vão-se divertir imenso, mas também vão levar com uma forte carga emocional, daquelas que já não se via em desenhos animados desde a morte da mãe do Bambi. Quanto aos adultos, não se inibam de chorar. Toy Story 3 é um milagre e a Pixar parece que quer ganhar o título de Deus da animação. O trabalho de Lee Unkrich, Darla K. Anderson e outras centenas de pixarianos resultou em algo maravilhoso. Parabéns a todos!

P.S. Não fujam da sala assim que acabe o filme, principalmente para não perderem isto: