Não é preciso ser um cinéfilo que entenda muito de cinema para apreciar um bom filme. Muito menos é preciso gostar de um filme para reconhecer o seu valor e qualidade. Mas há pessoas que devem ter uma espécie de filtro todo esburacado e retorcido, que deixa passar as pedras grandes e prende pelo meio muita areia fininha. Há também aquelas que têm um filtro de blockbusters, não é os que não os deixam passar, são aqueles que só processam grandes filmes comerciais. Do género Transformers, só para mantermos a conversa actualizada...
Bem, nada contra esse imenso grupo de gosto pouco refinado. Aliás, gostos não se discutem. Talvez não fossem precisos tantos defensores de um bom filme a chatear os outros que gostam de um grande blockbuster de orçamento milionário. Que se veja o que se gosta, é assim que deve ser.
Mas, se pelo contrário, vierem bezourar aos ouvidos dos cinéfilos acerca das grandes (isto é, boas) obras cinematográficas, já entramos no campo do desconfortável...
Não é que hoje, após ter comprado o DVD do Doubt (já andava há séculos a contar os dias para o lançamento do filme no mercado), venho feliz da vida com tão preciosa adição à minha dvd'teca, e sou interpelado acerca da minha vontade apressada de comprar um filme que "não é nada de especial". Bem, os meus olhos começaram a faiscar por me dizerem que o Doubt não é nada de especial (assim naquela tipo filmes de sábado de manhã na SIC), e depois disso, apesar de achar o filme uma das melhores obras do ano, decidi não entrar numa discussão que envolvia os temas discutidos no filme, a fantástica representação de Meryl Streep e dos seus colegas de elenco, o soberbo argumento e muitos outros aspectos que me pareceram uma boa "lama" para atirar à cara desse sujeito. Ainda pior veio, quando do nada entra o Matrix ao barulho. Quando me criticam uma escolha pessoal, e depois me comparam um filme que não tem NADA com outro... É de uma pessoa ficar um pouco aparvalhada. E pronto, não contra-argumentei e aparvalhado fiquei...
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