Eu, no Estoril Film Festival (8 de Novembro)

Um dia para não esquecer!

Cheio de ansiedade por ver Francis Ford Coppola na mesma sala de cinema que eu, este seria o dia alto de todo o festival. Lá parti para o Estoril com os nervos à flor da pele. Cheguei bem a tempo de ver o Moon. Arranjei um bom lugar, na fila do júri do festival, algumas cadeiras à minha direita lá estava o David Byrne. Moon foi e não foi o que eu pensava. Estava à espera de um bom filme (e assim foi), mas não pensei que tivesse aquela abordagem. A história de um homem sozinho numa estação espacial na Lua durante três anos, cujo único contacto era com um computador, dava pano para mangas para um drama psicológico. Assim foi, mas não tão tão directo como eu esperava. Cheguei a ficar confuso e a torcer o nariz ao caminho que o filme estava a levar, mas lá para o fim fiquei convencido com aquele enredo futurista-negro. Sam Rockwell contracena com ele próprio e com a voz de Kevin Spacey (o computador de serviço da estação espacial). Entre a ficção científica e o suspense, Moon tem uma boa performance que vale a pena ir assistir ao cinema.
Depois deste título de ficção científica, esperava-me o drama familiar de Coppola, Tetro. Não me afastei muito do auditório e fui logo dos primeiros a entrar, garantido assim um bom lugar (na coxia, para mais facilmente tentar garantir o tão desejado autógrafo). A multidão foi preenchendo o auditório, ficando assim as 600 pessoas à espera de Francis Ford Coppola: a estrela da noite (da semana, do mês, sei lá). Entre essa vaga de espectadores, os fotógrafos preferiram o tão famoso ex-ministro da economia, Manuel Pinho. Depois da sala composta, deu entrada Coppola que subiu ao palco sob a audiência que aplaudia em pé a entrada do cineasta. Muito bem disposto, fez uma pequena introdução ao filme e escapuliu-se para fora da sala (estava à espera que também fosse assistir connsco). Bem, quanto ao filme, só digo que é um dos melhores filmes de Coppola e, sem dúvida, o mais pessoal. Não é a minha opinião, foi o próprio realizador que na conversa com o público, que durou cerca de uma hora, fez questão de sublinhar a importância de o filme ter sido pago por ele. Deu-lhe toda a liberdade criativa para fazer o filme que queria, como queria, com quem queria.
A história do drama familiar de dois irmãos que se reencontram após anos de ausência, está soberbamente construída. Desde a relação entre os dois, às personagens secundárias (todas elas cheias de uma personalidade própria e deveras importantes para todo o conflito da família Tetrocini). Desde o re-encontro ao desenvolvimento final, a evolução da relação dos dois irmãos e a revelação dos problemas familiares que sofrem tem um ritmo próprio, com acontecimentos dramáticos e cómicos que deixam o espectador confortável, já quase nem se apercebendo que o filme é a preto e branco (depois de ver o filme, penso que não o iria querer ver a cores).
Bem, depois do filme, Coppola voltou a subir ao palco do auditório, novamente com uma multidão a aplaudir com vigor, desta vez acompanhado por Paulo Branco e dois elementos da sua equipa técnica. As pessoas que não tinham bilhete para o filme entraram na sala para ouvir o realizador, preenchendo os corredores da sala. Com centenas a ouvi-lo, Coppola foi respondendo às perguntas dos portugueses que tanto queriam conhecer melhor o mestre por detrás de The Godfather (e eu fui um dos que falou para ele!!!!). Com uma postura descontraída, Coppola conduziu muito bem a conversa com o público que ouvia maravilhado (pelo menos eu estava). Não vou aqui mencionar tudo o que lhe perguntaram e que ele respondeu, mas entre perguntas sobre Tetro, a oferta de uma garrafa de Vinho do Porto, e outros filmes do realizador, não podia deixar de ser mencionado The Godfather. Coppola soube brincar com o filme que o persegue e que o lançou como um dos maiores cineastas do seu tempo. Ao ver alguns fãs a acenar com os DVD's de The Godfather, desabafou entoando o tema musical do seu filme que mais sucesso teve: "At least I don't have to hear Tarataranana...". À saída, muitos esperavam o seu autógrafo. Não assinou mais do que a três ou quatro pessoas e saiu. A melhor: eu fui um dos três ou quatro. Agora tenho em casa a capa do DVD do The Godfather autografada pelo próprio Coppola. O meu dia não podia ter corrido melhor!!!!!!!!!!!
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