A década passada pode-se dizer que foi um trambolhão completo para a Disney Animation. Deixaram de lado a animação tradicional. Deixaram de lado as histórias de princesas. Tentaram fazer desenhos animados fixes, adaptados a esta nova geração. Tentaram fazer filmes de animação por computador como a Pixar faz. Tentaram ser aquilo que não são. Agora, começamos 2010 com o regresso da verdadeira e mágica Walt Disney, num conto de fadas mágico, como já há muito tempo não víamos.
Trazendo de volta os elementos que caracterizavam os grandes clássicos de animação de antigamente, a Disney ressuscitou do estado catatónico em que se encontrava depois de falhanços como Meet The Robinsons ou Chicken Little e faz o seu primeiro filme desenhado à mão desde Home On The Range (2004). The Princess And The Frog conta a história que não conhecemos da lenda do sapo que vira príncipe. Na cidade de New Orleans, Tiana é uma jovem trabalhadora que se esforça para cumprir o sonho de vida do seu falecido pai: abrir um restaurante. Matando-se a trabalhar para alcançar o pedido que fez à Estrela da Tarde, Tiana vive à parte de festas, romances e outros prazeres. No mardi gras, chega à cidade o príncipe Naveen da Maldonia, com intenções de casar com um rica princesa para acabar de vez com os seus problemas financeiros. O vilão Dr. Facilier, quer controlar a cidade a qualquer custo e usa os seus poderes vodoo para aprisionar Naveen num corpo de sapo. Sendo esta a história a traços grosseiros, a verdade é que a Disney soube trazer de volta os contos mágicos e apaixonantes das princesas. E o resultado é muito bom.
Tanto os protagonistas, como as personagens secundárias, são muito bem caracterizadas e todas elas possuem a sua personalidade distinta. Tiana é o símbolo do trabalho e do esforço para alcançar os seus objectivos na vida, com estrela dos desejos ou sem estrela. Naveen é a preguiça e luxúria que conhece o verdadeiro amor quando deixa de ter a forma humana. Dr. Facilier é um vilão sombrio e enganador relembrando os clássicos vilões como há muito não víamos. O crocodilo Louis (homenagem a Armstrong) é a personagem que quer ser aquilo que a sua forma não deixa, trompetista de Jazz. É de louvar a coragem da Disney em arriscar desta forma. Trouxe de volta animação tradicional, num mercado dominado pela animação em computador e em 3D, com a primeira princesa Afro-Americana e ainda há o facto de o filme ser um musical. Sim, a Disney renasceu com TODOS os elementos que a caracterizavam há vinte anos atrás. Sem medo de se sentir discriminada pela nova geração habituada aos filmes cómicos de animação por computador da Dreamworks.
A música de Randy Newman assenta que nem uma luva neste conto de fadas animado que nos põe a bater o pé com as músicas cheias de jazz e ritmo que são contextualizadas pela cidade de New Orleans. Só lamento o facto, de na versão portuguesa, usarem vozes diferente para as canções. A princesa Tiana ficava muito melhor sempre com a voz de Nayma que canta muito bem os temas musicais, pois a diferença das vozes nas canções é bastante acentuada.
A moral e lição de vida que os personagens e a história quer transmitir ao público é bastante directa e importante como sempre. Não sei o que dizer mal deste filme. É o regresso da Disney no seu esplendor. E não poderia vir em melhor altura. Ainda estou maravilhado com o filme.
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