A movie as mad as a hatter.
Fosse pelo hype gerado à volta do filme, fosse pelo realizador, fosse pelo elenco, fosse pela história, Alice In Wonderland tinha criado grandes expectativas. No final de hora e meia de filme, a sensação que predomina é de desilusão. Um argumento muito mal desenvolvido e o que poderia ser um grande filme, tornou-se numa oportunidade desperdiçada.
Tim Burton não é, de todo, consensual. Há adora os seus filmes, há quem os deteste. Eu fico-me por meio termo. De qualquer forma, a Disney escolheu inteligentemente o realizador para este filme "de malucos". Mas por muitos momentos "Burton" que possam haver, e que por vezes se dissolvem perfeitamente na história de Lewis Carroll, o argumento falha por completo em estimular o espectador mais adulto. Linear e demasiado trivial, não se pedia que alterassem o que Carroll escreveu, mas que adaptassem convenientemente para um filme que se esperava ser mais agradável para adultos. A argumentista é Linda Woolverton (The Beauty And The Beast, The Lion King), que se espalhou ao comprido ao tentar começar com uma Alice criança frustrada com a sua vida, e terminar com uma evolução sentida após a sua passagem por este País das Maravilhas. Ou pelo fraco argumento, ou pela forçada representação de Mia Wasikowska, o certo é que a compaixão que deveríamos sentir por esta tristonha e sonhadora rapariguita, não existe.
Já Johnny Depp, acaba um pouco por servir de bengala. Não fosse o facto de o seu Mad Hatter ser quase tão protagonista como Alice, e aí, o desinteresse e fragilidade que se sente no filme seriam ainda piores. Johnny Depp nunca está mal, mas o seu chapeleiro esquizofrénico e deprimido está demasiado semelhante a um determinado pirata das caraíbas. A Red Queen de Helena Bonham Carter é a personagem mais divertida e que mais enche o ecrã a quando da sua presença (metaforicamente ou não). A rainha de cabeça inchada que está sempre a ordenar cortar cabeças é o ponto forte de um conjunto de personagens já muito conhecidas, que com esta adaptação de Tim Burton, viram a sua loucura multiplicada. Novamente, o argumento falha em inserir devidamente as personagens, sem que nós do lado de cá, percebamos qual a necessidade ou importância dum rato de espada, de uma sábia lagarta, ou de um gato sorridente (não é que não devessem estar lá, mas que sentíssemos o seu propósito). Esta Wonderland acaba por ser mais uma "Underland" pejada de um ambiente soturno, quase apocalíptico. Quanto à banda sonora de Danny Elfman, não tem nada de assinalável. O 3D não é utilizado em demasia, notando-se até que Tim Burton está a "brincar com ele".
Apesar dos momentos engraçados e de pequenas cenas bem pensadas, Alice In Wonderland não atinge o seu propósito e falha com a épica viagem prometida. Parece que Alice entrou e saiu de Wonderland sem que nós chegássemos a ficar maravilhados por ela. É pena. Gastaram o dinheiro todo no realizador e no elenco e depois sobrou pouco para pagar bem a um argumentista.
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