Fast But Not Food

A renovação da Premiere já tinha sido anunciada. Por isso a espera pela Premiere de Março ainda foi mais morosa. Tal era a curiosidade, que folheei a revista do princípio ao fim na minha pequena viagem de Metro de hoje. No geral, nota positiva! Novo grafismo, novos espaços, parece uma revista mais "madura". No entanto, também há ausências que se fazem notar. Vou então fazer uma pequena análise mais pessoal à tão esperada nova Premiere. E a ver se é desta que se calam as bocas que todos os meses tentavam pôr o nome da revista na lama.

José Vieira Mendes deixou o seu cargo Director Editorial da Premiere e Miguel Monteiro está agora sentado na sua cadeira. Não deixa de ser triste ver o homem, que trouxe a Premiere de volta depois de uma interrupção inesperada, sair da revista por que tanto lutou. Miguel Monteiro dá-nos a conhecer um pouco da nova Premiere no seu primeiro editorial.

Abrimos com o tema de capa: Alice no País das Maravilhas. Texto de duas páginas sobre o filme, entrevistas a Depp e Burton e uma visão do livro de Lewis Carrol. De seguida, a revista dos filmes a estrear no mês de Março, claramente com mais atenção e conteúdo do que o que era habitual na "velha" Premiere.

Imagens de Iron Man 2, Prince Of Persia e The Ghost Writer acompanhas de um curto resumo do que podemos esperar dos filmes.

O motivo pelo qual aguardámos duas semanas para poder ter a revista nas bancas, acaba por ser uma pequena desilusão. Para além da lista dos vencedores, numa página damos a volta à cerimónia que consagrou Kathryn Bigelow, e pouco mais é comentado ou referido. Nem temos direito a imagens da grande noite. Na página seguinte, o mais hollywoodesco jornalista português, Mário Augusto, conta-nos histórias dos velhos tempos dos Oscars. Excelente colaboração.

Uma secção com os destaques noticiosos do mundo do cinema, bem como as Estrelas no Céu que nos deixaram. Aqui, sente-se a falta do Criswell, que por longos anos colaborou na Premiere, e agora diz adeus a uma rubrica que tantos e tantos leitores gostavam. Lamenta-se o desaparecimento. As Cenas Quentes é que eram bastantes desnecessárias. Falta faz a quem não tem internet para ver coisas do género.

No espaço habitual de críticas, o destaque vai para a ausência da "Guerras das Estrelas". Se antes gostávamos de ver o quanto os colaboradores da Premiere tinham gostado dos filmes que vimos, agora temos que nos contentar com uma opinião por filme. E nesta edição apenas vimos cinco filmes comentados. Devido à parceria que a Premiere está a fazer com a Lusófona, as críticas dos leitores foram feitas por estudantes da área de cinema (pelo menos nesta edição).

Substituindo a curta "DVDteca ideal" chega-nos uma rubrica mais alargada em que um convidado por edição tem uma exposição maior sobre a sua carreira no cinema e os seus filmes de paixão. António Pedro Cerdeira foi o estreante da nova secção assinada por Leonor Pinhão, jornalista de renome com um currículo de cultura no Expresso e no Público.

Também na nova Premiere, uma redobrada atenção aos filmes portugueses é prometida. Mistérios de Lisboa, de Raul Ruiz é o filme em destaque este mês.

Agora sem o Consultório de Criswell, este espaço para as dúvidas dos leitores começa mal com duas perguntas sobre a filmografia de Marco d'Almeida e Rosa Lobato de Faria. Material informativo um pouco fraco (no seu tipo), mas salva-se a explicação do prémio The Fellowship Award dos BAFTA.

O jornalista Mário Augusto, que recentemente se mudou para a RTP, irá manter a sua colaboração com a Premiere pelo menos até ao final do ano. Celebrando o centenário de Hollywood com quatro páginas de histórias mensais que são excelentes para enriquecer o conteúdo da revista.

O espaço habitual dos lançamentos em DVD e do que podemos ver na TV continua sob a alçada de Jorge Pinto. Lamenta-se o desaparecimento dos livros e bandas-sonoras que todos os meses eram brevemente comentados.

Professores da Universidade Lusófona, Jorge Paixão e Costa e o ilustre crítico de cinema João Lopes dão o seu contributo com crónicas mensais que completam o re-renascimento da Premiere.

Menção ainda para a referência ao site www.premiere.pt, que pelos vistos ainda não existe, nem se sabe quando irá existir, apesar de já contar na lombada da revista.