Nancy Meyers tem um currículo curto de comédias românticas inteligentes. Depois de ter dirigido estrelas como Natasha Richardson e Dennis Quaid (Parent Trap, 1998), Mel Gibson e Helen Hunt (What Women Want, 2000), Jack Nicholson e Diane Keaton (Something’s Gotta Give, 2003) e Kate Winslet e Cameron Diaz (The Holiday, 2006), chegou a vez de pegar na extraordinária Meryl Streep e colocá-la no meio de dois grandes actores de comédia: Alec Baldwin e Steve Martin. Continuando um pouco com a receita do costume, parece que Meyers gosta de dar às suas protagonistas uma grande vivenda de fazer inveja a muitos, uma carreira de sucesso, etc. Mas adiante…
Concentrando o filme nas questões do divórcio, Nancy Meyers dá a Meryl Streep e a Alec Baldwin a tarefa de suportar o filme aos seus ombros. Apesar do excelente trabalho de Streep na protagonização do filme (que já lhe valeu uma nomeação aos Globos de Ouro) e da sua química entre os dois homens que lutam pelo seu afecto, é ingrato esquecer os personagens secundários. Ao contrário do que acontece nos seus filmes anteriores, nem chegamos a conhecer o resto do elenco. Os três filhos da personagem de Streep, Jane, são quase indistinguíveis e funcionam apenas como elementos decorativos que ajudam a salgar os encontros e desencontros entre Jane e Jake. Salve-se John Krasinski que se destaca daquele grupo familiar homogéneo e consegue aproveitar o seu pequeno papel. O Adam de Steve Martin, não chega a brilhar pois Meyers também não escreveu muito para ele. Tal como se consegue presumir pelo poster, Adam é demasiado secundarizado, e talvez um pouco mais de Steve Martin equilibrasse a receita.
Balançando este triângulo entre os encontros carnais e sedutores, com os momentos ternos e românticos, não há nada de novo neste filme sem ser a premissa inicial do casal divorciado que começa a ter um caso dez anos depois. Sem conseguir explorar as emoções de Jane, Meyers desperdiça um pouco o facto de ter Streep como protagonista. Hans Zimmer (que faz bandas sonoras para tudo o que é filme) criou uns ritmos interessantes, mas nada que não fosse feito por outro compositor do género. Muitas boas músicas são utilizadas no filme, apesar de a banda sonora conter apenas as faixas compostas por Zimmer e Heitor Pereira.
A verdade é que se não fosse por Streep, Baldwin e Krasinski o filme não funcionava. Afinal, é complicado fazer um filme, mas de qualquer das formas vale a pena ver, pois It’s Complicated não é tão mau como se possa parecer, e sempre dá para passar uns bons momentos com Meryl Streep. Bem ao estilo Nancy Meyers, agradará especialmente às mulheres a partir de uma certa idade (sem querer chamar velha a ninguém).
Nao concordo muito. It's Complicated é o melhor filme de Meyers na minha opinião, uma obra discreta mas preciosa.
Belíssima dissertação, com um elenco `altura (por acaso até acho que Steve Martin é o melhor elemento) e muito competente a nível técnico e argumentativo (peca aqui por alguma preguiça..)
Cumps.
Eu penso que lhe faltou um desfecho mais bem pensado. Pareceu-me muito precipitado. Gostei muito de Steve Martin e ,tal como disse, achei que foi desperdiçado pelo argumento.
O meu preferido de Meyers é Something's Gotta Give.
Obrigado pelo comentário. Cumps.